A esquizofrenia é um transtorno psíquico severo que se caracteriza pelos seguintes sintomas: alterações do pensamento, alucinações, delírios e alterações no contacto com a realidade. É hoje encarada não como uma doença, mas como um transtorno mental, podendo atingir diversos tipos de pessoas.
Atinge 1% da população mundial, manifestando-se mais frequentemente entre os 15 e os 25 anos, nas mulheres e nos homens, podendo ocorrer de igual forma na infância ou na meia-idade.
Tipos de esquizofrenia
O diagnóstico da esquizofrenia é por vezes difícil, não pode ser efectuado através da análise de parâmetros fisiológicos ou bioquímicos e resulta apenas da observação clínica das manifestações do transtorno ao longo do tempo. Para além do diagnóstico, é importante que se identifique o subtipo de esquizofrenia em que o paciente se encontra.
Existem cinco subtipos:
Paranóide- Estes doentes são desconfiados, reservados e podem ter comportamentos agressivos.
Desorganizado- São predominantes os sintomas afectivos e as alterações do pensamento. As ideias delirantes do doente, embora presentes, não são organizadas.
Catatónico- É caracterizada por sintomas motores e alterações da actividade, que podem ir desde um estado de cansaço até à excitação.
Indiferenciado- Estes doentes apresentam uma certa apatia e indiferença relativamente ao mundo exterior.
Hebefrênica- Devia ser somente diagnosticada em adolescentes e adultos jovens. Estes doentes apresentam risos desmotivados, expressões bizarras, condutas incongruentes, afastamento social e descuido com a aparência.
Sintomas
Os sintomas desta doença podem não ser os mesmos de indivíduo para indivíduo, podendo aparecer de forma gradual ou, pelo contrário, manifestar-se de forma explosiva e instantânea. Podem ser divididos em duas categorias: sintomas positivos e negativos.
Sintomas positivos: Estes sintomas estão presentes com maior visibilidade na fase aguda do transtorno. Entende-se como sintomas positivos os delírios, as alucinações, impulsos, agressividade, pensamento e discurso desorganizado.
Sintomas negativos: São o resultado da perda ou diminuição das capacidades mentais, como a falta de vontade ou de iniciativa, isolamento social, apatia, pobreza do pensamento e indiferença emocional.
Causas
Não existe uma única causa para o desencadear deste transtorno. O quadro psicológico (consciente e inconsciente), o ambiente, histórico familiar da doença e de outros transtornos mentais e mais recentemente tem-se admitido a possibilidade do uso de substâncias são as causas que contribuiriam para o aparecimento desta doença. Existem várias teorias para explicar estas causas.
Teoria genética- Admite que os genes juntamente com os factores ambientais podem estar envolvidos no desencadear deste transtorno. A probabilidade de um indivíduo vir a sofrer de esquizofrenia aumenta se houver um caso desta doença na família. No entanto, a causalidade genética ainda não foi provada.
Teoria neurobiológica- Esta doença é causada por alterações bioquímicas e estruturais do cérebro. Esta teoria foi provada pelo facto de a maioria dos fármacos utilizados no tratamento desta doença actuarem através do bloqueio dos receptores da dopamina. Dopamina- É um neurotransmissor e tem como função estimular o sistema nervoso central.
Teoria psicanalítica- Esta teoria tem como base a teoria de Freud da psicanálise, e remete para a fase oral do desenvolvimento psicológico. Esta fase ocorre deste o nascimento até aos 12/18 meses e há a ausência de uma relação inicial entre mãe e filho. Essa relação conduziria a personalidades “frias” ou indiferentes no estabelecimento das relações. A ausência desta relação inicial satisfatória estaria na origem desta doença.
Teorias familiar- Umas baseiam-se no tipo de comunicação entre os vários elementos da família e outras aparecem mais ligadas a estruturas familiares. Surge nesta teoria uma mãe possessiva, dominadora com o seu filho, como gerador de personalidades esquizofrénicas. Estudos mais tardes vieram depois a negar esta hipótese.
Apesar de existirem todas estas teorias para a explicação da origem desta doença, nenhuma delas individualmente consegue dar uma resposta satisfatória.
Tratamento
Existem vários procedimentos indicados para estes doentes como o acompanhamento médico, a psicoterapia e a psicoeducação. Apesar de não se conhecer a cura, o seu tratamento pode ajudar a tratar os sintomas e a permitir que os doentes possam viver as suas vidas de forma satisfatória e produtiva. É vital o reconhecimento precoce dos sinais da esquizofrenia para que se possa procurar uma ajuda rápida, uma vez que o melhor período para o tratamento da esquizofrenia é com aparecimento dos primeiros sintomas.
Cuidados a ter
É útil que o doente tenha conhecimentos sobre os sintomas e possíveis sofrimentos ao longo da vida. Sendo por isso vantajoso que estes doentes sigam alguns cuidados, nomeadamente:
1. Evitar o stress;
2. Se achar que a medicação não está a ajudar ou sentir efeitos não desejáveis deve avisar o seu médico psiquiatra;
3. Fazer psicoterapia e ter consultas regulares com seu psicólogo;
4. Procurar ter horas para dormir, comer, trabalhar - ou seja, criar rotinas;
5. Permanecer em contacto com as outras pessoas, não buscar o isolamento;
6. Praticar desporto pelo menos uma vez por semana.
Problemas
Os problemas que geralmente ocorrem na família do esquizofrénico são os seguintes:
Medo… "Ele poderá fazer mal a si ou às outras pessoas?"
Negação da gravidade… "Isso daqui a pouco passa", "Não tens nada a ver com aquele tipo da televisão"
Incapacidade de falar ou pensar em outra coisa que não seja a doença… "Toda a nossa vida gira em torno do nosso filho doente"
Isolamento social… "As pessoas até nos procuram, mas não temos como fazer os programas que nos propõem"
Constante busca de explicações… "Ele está assim por algo que fizemos?"
Depressão… "Não consigo falar da doença do meu filho sem chorar."