Sexta-feira, 17 Setembro 2010
Se quiseres responder a uma pergunta basta procurar a resposta. Ou seja, armadas de uma lupa de mão e de uma infalível lógica bem ao estilo de Sherlock Holmes, andámos à cata da "densidade" do projecto (bem, talvez não exactamente desta maneira, mas o sentido está aqui implícito).
(14:40 h)
Decidimos tomar conhecimento dos recursos que temos na nossa cidade.
Pode ter sido uma decisão semi-repentina, tomada de manhã, durante a aula, mas ao que nos quer parecer, trabalhamos melhor se estivermos entusiasmadas, mesmo sem grandes planos elaborados (dêem-nos um bocado de cafeína e podem começar a contratar-nos para fazer umas quantas missões impossíveis).
Fomos ao Hospital do Patrocínio, saber se é possivel ter contacto com a ala de Psiquiatria. Não sabiamos o que esperar, nem sequer se a nossa presença seria permitida. Mas perguntámos e surpreendentemente, era mesmo. É extremamente fácil; no 4º andar pedir para falar com alguém.
Subimos (deixando umas velhotas indignadas na entrada por lhe passarmos à frente no atendimento - o que se há-de fazer? Assim vai o sistema de saúde em Portugal), e depressa entrámos na ala psiquiátrica.
Levaram-nos prontamente à presença do enfermeiro-chefe, João Galego. A rotina para ele não é nova. Disse-nos que, para um trabalho de 12º ano, apenas precisamos de combinar com ele uma visita, telefonando para o hospital.
Não sabemos se nos deixarão estar em contacto com os doentes, mas irão pelo menos mostrar-nos a ala e informar-nos do que é, realmente, a doença mental e que tipo de pessoas são ali tratadas.
Sabemos agora que já contamos com a ajuda do hospital. Está a correr melhor do que pensávamos.
Ao sair vimos uma senhora no corredor. Andava lentamente na nossa direcção, arrastando os pés. Tudo nela tinha um ar aéreo e parecia olhar para nós (ou para algo no nosso interior que não conseguimos ver).
A sala onde ela entrou era como qualquer outra sala no hospital, com sofás pretos e luz amarelada a derramar-se nas paredes. Era simplesmente mais silenciosa e não pairava o habitual ar doentio.
Porém, ou somos muito exigentes, ou nunca nos contentamos com pouco (o que vai dar tudo ao mesmo, como é óbvio. Nesta altura do campeonato já deviam ter percebido que somos impulsivas).
Queremos ter ainda mais feedback do que apenas o do hospital. Numa súbita inspiração (isto não costuma acontecer todos os dias; andamos a surpreender-nos a nós mesmas) decidimos tentar também a Cerci.
Fica um pouco mais longe da cidade, mas parece-nos que um lugar no meio do campo, ao ar livre, será um sítio melhor para os doentes do que entre quatro paredes de betão.
Uma vez lá e com boleia da mãe da Sara (porque à que contar todos os pormenores), tentamos informar-nos com alguém responsável. Infelizmente, ninguém nos pôde dizer se poderíamos alargar o nosso projecto até ali ou não. Ficamos com o contacto e com a promessa de voltar.
Embora ainda tenhamos que voltar a incidir neste assunto, temos também que dar o braço a torcer (não com muita força, por favor, nunca fomos adeptas da violência), pois o que conseguimos cumprir num dia foi bem melhor e mais proveitoso do que tínhamos imaginado.
Agora basta desejar que a sorte esteja do nosso lado. E a esperança é a última a morrer.